Continuação
O fruto do cacaueiro e os produtos dele
obtidos especialmente, o chocolate - estiveram sempre, nos últimos dois mil
anos da história ocidental, intimamente ligados ao poderio econômico e à
satisfação dos prazeres sofisticados.
Para os maias e astecas foi objeto de culto, riqueza e poder. Esses
povos aprenderam a domesticar e a cultivar a planta com o objetivo de
extrair-lhe a amêndoa, à qual foi dado valor de moeda. Com a mesma amêndoa,
pilada pacientemente e transformada em pasta, inventaram o chocolate, bebida
considerada afrodisíaca.
Verdadeira árvore de frutos de ouro - ouro vegetal - o cacaueiro significou poder e riqueza para os
espanhóis que chegaram à América, enquanto conseguiram manter o monopólio sobre
a produção e a comercialização de seus frutos.
Introduzido por representantes da Igreja, que circulavam entre a Europa
e as terras americanas, o chocolate foi objeto de desejo, intrigas e mistérios
nas cortes européias, já a partir do início do século XVI.
O cacau foi também, pouco mais tarde, objeto de contrabando e pirataria
de navegadores holandeses e ingleses, sempre em busca de grandes lucros. Foi
dessa forma que se quebrou o monopólio espanhol sobre o produto e que os
sabores do cacau e do chocolate
puderam se espalhar por todo o mundo conhecido. Na Europa do final do século
XVII, o consumo do chocolate como bebida se generalizou, ampliando enormemente
a demanda pela produção de cacau.
Assim estava o mundo, quando as primeiras sementes para cultivo em larga
escala foram introduzidas no Brasil, mais precisamente no sul da Bahia, ainda
no século XVIII. Logo descobriu-se que o clima e o solo da região eram
excepcionais para a disseminação de grandes plantações de cacau. Ali, a busca do ouro terminaria à sombra dos cacauais.
A partir de então, desde a metade do século XIX - e por quase 150 anos -
o cacau se transformou em símbolo de status, poder e riqueza entre os
"coronéis" que foram se instalando em ricas fazendas na região de
Ilhéus e de Itabuna, na Bahia.
Nesse período, o Brasil tornou-se o maior produtor e exportador de cacau do mundo, produzindo riquezas e dominando
praticamente sozinho todo o mercado internacional. Por muito tempo, no sul da
Bahia, o cacau permaneceu sendo uma atividade bastante rentável.
A saga do cacau transformou a paisagem da região: nasceram belíssimos
cacauais, bem formados, limpos e sombreados, com árvores repletas pelos frutos
amarelos e vermelhos; desenvolveram-se cidades e portos movimentados, de vida
cultural intensa e protagonistas de muitas histórias de amor e ódio.
Porém, os últimos 15 anos assistiram à decadência da produção cacaueira
no sul da Bahia.
Entre os principais motivos dessa transformação destacam-se: a baixa do
prego do cacau no mercado
internacional; a concorrência com os países africanos; o fim da possibilidade
de expansão das terras cultiváveis na região; a falta de investimentos em
técnicas modernas de plantio; e, para culminar, a praga da
"vassoura-de-bruxa" que infestou as plantações baianas.
Hoje em dia, o Brasil continua na lista dos principais exportadores do
mundo, mas o cacau é, também, produzido em outras paragens: na Amazônia, nos
Estados do Pará e de Rondônia, e no sudeste do país.
flor do cacaueiro
Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br
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